Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/210

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veias um sangue ilustre e generoso, e não pertencerem à pobre e rude classe de pescadores que habitam essas costas. Mais ardentes e temerários que todos os outros que prodígios de audácia, que provas de dedicação não puseram em prática para conquistarem o meu afeto! Mas seu amor me repugnava como o de todos os outros; admirava-os, estimava-os, mas não podia amá-los e não queria nem devia mentir. Perseguiram-me com incrível perseverança, e chegaram a lançar-se através das ondas em meu alcance até as proximidades desta ilha, cuja entrada só eu conhecia. As ondas, que esbravejam em roda destes penedos, não permitiram que aqui chegassem, e tiveram de voltar sem esperança e para sempre desalentados. Um após outro desapareceu do lugar, e eu, como todos os mais, não tive dificuldade em acreditar que tinha tido o mesmo fim funesto de todos os meus adoradores.

“Quase enlouqueci de angústia e dor. Eu, que daria de bom grado a minha vida para salvar a deles, eu era a causa de sua perdição só porque não lhes podia dar amor. Embrenhei-me mais que nunca no retiro destes rochedos, e para não ser causa da ruína de mais nenhum mortal, condenei-me a ver murchar a flor de meus anos na solidão e na tristeza em um cárcere no meio do oceano, onde eu mesma de propósito me encerrei,