Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/223

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com a menor publicidade possível. Foi debalde. Esse casamento era um acontecimento extraordinário na aldeia, e alvoroçou a curiosidade de todos os seus habitantes.

“Minha beleza tão afamada, os precedentes de minha origem desconhecida, de minha vida singular e misteriosa com o seu séquito sinistro de calamidades, o desejo de ver o mortal feliz que enfim conseguira quebrar o encanto da sereia, como costumavam dizer, atraíram à igreja uma multidão de curiosos.

“Ah! Não vás pensar que me encaminhei para o altar contente, tranquila e descuidosa como todas as noivas, não. Parecia-me que me acompanhava o cortejo fúnebre de todos esses amantes infelizes, que por meu amor tinham tido funesto fim, arrancando dolorosos gemidos, e vibrando sobre nós ambos olhares inflamados de cólera e ciúme. Uma figura principalmente me não saía da imaginação: era um lindo mancebo, que rematava esse melancólico e sinistro préstito; ia só, pálido, sombrio e entregue a um mortal abatimento.

“Por vezes tive desejo de voltar à cabeça a ver se não seria realidade aquela visão que me atormentava. Contudo, ao terminar a cerimônia, relanceando um rápido olhar pela multidão, julguei ver uma cabeça em tudo semelhante à dessa