Saltar para o conteúdo

Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/224

Wikisource, a biblioteca livre

visão… a tua, Ricardo, por que o não direi…? Estarias de fato ali…?”

A esta pergunta, Ricardo estremeceu, cobriu-se de palidez mortal e nada respondeu.

— Perdoa-me, meu amigo — continuou Regina, arrependida de ter vibrado no coração do mancebo a dolorosa corda do remorso; devia condoer-se dele ela, que também sentia sangrar o seu em torturas não menos dolorosas. — Perdoa-me; talvez aqui estivesses, e faço ideia de quanto deverias sofrer. Mas tudo isso passou-se; o céu nos tinha destinado um para o outro, e nada poderia destruir os seus desígnios.

“Bem sabes o resto; a aurora que se seguiu achou vazios e solitários a cabana e o leito, que deviam acolher esse par, que o mundo julgava irem encetar uma vida de perpétua e inalterável felicidade.

“Mas talvez não saibas que catástrofe horrorosa cortou desastrosamente esses laços apenas formados. Foi cruel esse transe, e bem quisera poupar-te a narração de uma cena atroz e sanguinosa que nos vem turbar estes doces momentos de felicidade e amor.

“Já a turba que nos havia acompanhado se tinha dispersado ao longe. O silêncio e a paz reinavam em torno de nossa cabana; a porta estava fechada, e somente conservava-se aberta