Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/238

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a vingança e o amor faziam-na oscilar na mais violenta agitação. O amor enfim parecia triunfar.

— Perdoa-me, Ricardo — disse, por fim, com voz afetuosa —, esta recordação me punge cruelmente… mas é o último lampejo da tempestade que me agitava o coração; a cruel catástrofe que me roubou o esposo encheu-me a alma de amargura e rancor, mas tua presença vai dissipar para sempre o negrume de minha alma, e hoje só quero viver de amor e para o amor, viver só para ti, meu querido Ricardo. Eu estava condenada a viver neste retiro desolada e esquecida na mais desconsolada solidão, mas tu me apareceste e esta ilha, que devia ser meu exílio medonho, vai se converter em tranquilo e risonho abrigo do mais puro e feliz amor. Minha mãe não queria que eu pisasse a terra, e a mais amarga experiência me tem mostrado quanta razão tinha. Lá não encontrei senão dissabores, trabalhos e amarguras. Mas agora, Ricardo, estamos no mar, inteiramente sequestrados dessa terra odiosa em que derramei e fiz derramar tantas lágrimas.

“Sim, estamos no mar, nos domínios de minha mãe; estamos livres do mundo, e podemos nos entregar sem receio a toda a efusão de nosso amor.”