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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/239

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Enquanto assim falava, Regina tinha entre as suas as mãos de Ricardo, e o envolvia em um olhar tão repassado de ternura e paixão que o mancebo sentia-se arrebatado em um êxtase das mais voluptuosas e inefáveis emoções.

— Sim, Regina — respondeu-lhe com viva exaltação —, sim, quero, às tuas plantas viver uma vida de amor sem termo, e que retiro mais propício para um amor feliz do que esta ilha solitária e inacessível…? Aqui se resumirá o nosso universo, aqui nós dois formaremos um mundo à parte, que nosso amor povoará de mil encantos e delícias sem fim.

— Sim, meu querido, de hoje em diante nada nos importa o resto do mundo. Vamos, quero mostrar-te o ditoso asilo que há de abrigar nosso amor. Acompanha-me.

Regina travou do braço ao mancebo e o foi guiando para o grupo de rochedos que já conhecemos. Ao atravessar, porém, os silenciosos e sombrios espaços, que coleavam entre aquelas massas torvas e esguias, sua imaginação se apavorou e seus pensamentos começaram a tomar nova e sinistra direção. Que monstruoso perjúrio ia cometer…?! O fantasma ensanguentado do esposo parecia surgir-lhe ao encontro com pavoroso e ameaçador aspecto, acompanhando com olhar sombrio e penetrante todos os movimentos