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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/262

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esforços para chegar ao rochedo, onde se achava Regina. Entretanto, o próprio jogo das vagas o ia aproximando gradualmente; já se viam a poucas braças de distância, e podiam ouvir-se distintamente um ao outro. O mar, empolado e grosso como jamais se vira, chegava bramindo até a altura em que se achava Regina, e a onda de instante a instante trazia o amante à sua presença, quase a seus braços, para de novo arrebatá-lo de chofre como por escárnio.

Viam-se por um momento, estendiam os braços um para o outro, e os nomes de Regina e Ricardo ecoavam por entre o estrondo da tormenta, como os gritos da procelária, e a tempestade continuava a rugir cada vez mais formidável.

Ricardo, depois de ter-se esgotado em inúteis esforços, desesperado de poder chegar com seu barco ao rochedo, atirou-se ao mar, e, nadando com todo o denodo e perícia, conseguiu por fim chegar no dorso de uma vaga bem ao pé do rochedo, onde se achava Regina. Esta, vendo aquele ato de desespero, compreendeu o seu intento, e atracando-se com uma das mãos a uma raiz que brotava do rochedo, pendurou-se sobre o abismo e estendeu-lhe a outra.

Ricardo agarrou-a e, graças a esse auxílio, galgou ao friso do rochedo, e achou-se a salvo ao lado de sua amante.