Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/268

Wikisource, a biblioteca livre

cristalinos, eram separados do resto da terra por despenhadeiros vertiginosos, que o pé humano em vão tentaria galgar, e eram somente acessíveis ao corvo e ao condor altivolante. E do meio dessas planícies erguia-se outra montanha coroada de enormes rochedos erguidos à prumo, como um castelo guarnecido de terrões denegridos e derrocados pelo tempo, ou como aéreo e colossal terraço, ornado de estátuas disformas, mutiladas e despedaçadas pelos raios.

Era como um jardim encantado superior à habitação dos homens e vizinho à dos anjos, todo intermeado de grutas profundas e misteriosas, de penedias de figuras caprichosas e fantásticas, formando lapas, areadas, terraços, ruínas, de veigas deliciosas alcatifadas de musgo e flores, de fontes de água viva a borbulhar, de vergéis harmoniosos a conversarem mistérios com as auras do céu.

Aí nessas alturas inacessíveis em uma gruta misteriosa morava uma fada formosíssima, filha do Sol ou de Tupã, e irmã da Aurora. Era chamada a Mãe do Ouro.

Enquanto sua irmã espargia de seu regaço flores etéreas sobre o berço do sol, e pérolas de orvalho, que refrigeram e fertilizam os campos, ela matizava os horizontes de franjas de ouro, e