sacudindo pela terra o pó dourado de seus cabelos, fecundava pelas grutas dos montes os veios de imensas jazidas auríferas, e enastrava de rubis e diamantes o leito dos rios.
Ela vivia feliz em seu asilo sagrado, e passava alegremente os dias ocupada em enfeitar de áureos matizes os véus da aurora, e esparzir palhetas de seus inesgotáveis tesouros pelos caminhos do sol; ou percorria as montanhas sacudindo do seio uma chuva de ouro e pedras reluzentes.
Nenhum mortal a conhecia, nem cobiçava os seus tesouros. O ouro, os rubis, as safiras, os diamantes rolavam pelas torrentes de envolta com o cascalho sem fascinar a vista dos mortais, e serviam apenas de brinco entre as mãos das crianças, sem ter aos olhos do homem maior valor, do que as penas da arara ou do tucano, com que costumavam enfeitar o cocar ou o cinto da arazoia.
Mas ah! em uma hora malfadada a virgem depositária dos tesouros de Tupã esqueceu sua origem celeste, e deixou-se levar por uma paixão terrestre. Um dia, que ela passeava pelos vales vizinhos à sua gruta encantada, deu com os olhos em um jovem e formoso cacique, que dormia à beira de uma fonte à sombra de um pé de manacá, que