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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/27

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ao braço de seu irmão imediato. Era-lhe preciso desabafar para não estourar de angústia e desespero.

— Ah! Meu irmão…! Meu irmão! — murmurou ao ouvido deste com voz surda e convulsa, enquanto uma lágrima ardente despontava-lhe na pálpebra, e secava-se imediatamente queimada pelo fogo da paixão — não sei que será de mim! Se esse forasteiro logra gozar um instante aqueles mimos, por que tanto em vão suspirei, eu morro, e morro desesperado como o preceito em condenação eterna. Não, não há de ser assim, maldito! — continuou volvendo-se para o noivo de punho cerrado e gesto ameaçador. — Esta noite deve ser a derradeira para ti, ou para mim…!

— Para ele só, Rodrigo — replicou Roberto, o irmão imediato, com o mesmo tom de voz sinistra e abafada —, pobre irmão…! Quanto sofres…! Mas juro-te por minha alma; antes que as mãos daquele aventureiro possam locar em um só dos encantos dela, hão de cair hirtas e frias…

— E antes que aquela boca — interrompeu Ricardo, o mais moço dos três — possa dizer-lhe uma só palavra de amor, tem de morder a terra, donde nunca mais se levantará senão para cair mais baixo ainda.