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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/272

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espargiram-se pelos veios graníticos das montanhas, pelos álveos profundos dos rios caudalosos, mesclaram-se às areias dos regatos e à argila dos morros áridos, esconderam-se em abismos insondáveis, e pelos lôbregos socavões de inacessíveis serranias. Os esplêndidos paços subterrâneos da fada calcinados pelo fogo do céu converteram-se em medonhas e escuras furnas, seus jardins em um montão de negros e disformes rochedos.

O mísero cacique arrojado nas baixas regiões donde saíra, vagou longo tempo pela terra, lastimando e procurando em vão a amante perdida para sempre e seus magníficos tesouros. Como um louco vivia a escarvar o seio das montanhas em procura dos encantados palácios do ouro, e nesta insana lida ia-se definhando e enervando de dia a dia, até que Tupã compadecido de seu longo penar, o transfigurou em uma formosa árvore, que balanceia no céu a copa engrinaldada de flores de ouro. E o truculento Ipê, que como um cacique todos os anos se enfeita de um diadema de flores amarelas, diadema efêmero e irrisório, que no outro dia o vento lhe arranca da fronte e roja pelo chão.

A fada descaída das graças de Tupã foi condenada a vagar incessantemente pelas cumeadas das álgidas serranias, e em vez de derramar como outrora