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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/281

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— Não te dê isso cuidado; estamos acostumados a afrontar a morte todos os dias; é-nos preciso absolutamente ir lá.

A índia em vão tentou demover os audaciosos paulistas de seu temerário propósito; movida enfim pelos rogos e instâncias dos mesmos à muito custo resolveu-se a ir guiá-los até às proximidades desse sítio tão cheio de maravilhas e perigos.

Os paulistas com a fantasia exaltada pela pintura, que a índia lhes fizera das assombrosas riquezas dessa região, não cabiam em si de contentes, e davam ao desprezo a história dos tatus brancos, de que riam-se a bandeiras despregadas, divertindo-se à custa da credulidade dos pobres índios.

— Bruxarias de bugres!—diziam eles entre si. — Que perigos poderemos nos aí encontrar, que já não tenhamos afrontado por uns medonhos desertos, que temos atravessado! animais bravios, serpentes venenosas, gentios ferozes?… com esses de há muito estamos avezados a nos haver, e não nos faltará astúcia e valor para lhes escapar. — Se esta pobre gentia não está zombando de nós, vamos enfim colher o fruto de nossa audácia e de nossos trabalhos; havemos de entrar nos jardins de Tupã, e tocar com a mão no