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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/282

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grande sol de ouro, bem que pese aos tatus brancos e ao mesmo Tupã.

Portanto puseram-se a caminho guiados pela índia. Depois de três dias de bom caminhar chegaram à uma eminência, donde descortinaram um vasto e formosíssimo vale, formando um quadrado quase regular, e encaixado por todos os lados entre serros de pouca elevação.

— É ali! — disse a índia apontando para o vale, mas quase sem olhar para lá. — Ali embaixo as areias dos regatos são de ouro, e o cascalho de diamantes. Amanhã, quando o sol levantar-se daquele lado, olhai para acolá (e apontava para o poente) e vereis em cima daquela serra brilhar uma coisa como um sol defronte de outro sol. Porem cuidado! lembrai-vos bem do que vos disse da gente, que aí mora; ai de vós, se vos pressentem. De noite escondei-vos, e resguardai-vos bem. Agora, adeus! Tupã vos preserve das garras dos tatus brancos. Daqui ao país de meus irmãos não é longe, em breve estarei com eles.

Ditas estas palavras a índia deitou-se a correr para trás. Em vão quiseram detê-la chamando-a em altos gritos; a índia tornava-se surda, e corria a bom correr, até que de todo desapareceu a seus olhos.

Era já sol posto; a perspectiva que tinham diante dos olhos era das mais belas e magnificas;