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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/288

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veigas o suavíssimo cheiro de seus frutos. O maracujá enlaçando pelos arvoredos suas ramas flexíveis formava berços e grutas de verdura da mais amena fresquidão, embalsamadas do aroma de sua flor simbólica e de seus frutos deliciosos. Renques de altos buritis se estendiam ao longo das verdentes como filas de selváticos guerreiros balanceando na fronte seus vistosos cocares.

Aves de mil variadas espécies povoavam essas encantadas solidões e as enchiam de mil alegres rumores. Manadas de veados pastavam tranquilamente pelos campos sem temer as matilhas do caçador. A lontra e ariranha de pelo auriluzente saltava a emborcar-se n’água dando caça aos peixes, que em cardumes vagueavam pelo veio cristalino dos córregos alardeando a beleza de suas escamas de ouro e prata, de púrpura e azul. Pacas aos bandos retouçavam à beirados arroios, e mergulhando n’água recolhiam-se às tocas conhecidas. O saguim, a irara, o quati e outros animaizinhos inofensivos saltavam e brincavam pelas ramas das árvores. Por toda a parte a natureza ostentava vida, magnificência, esplendor e beleza.

E tudo naquela aprazível solidão se achava intacto e virgem. Nenhum sinal indicava que jamais ali houvesse penetrado pé humano; nem um ramo quebrado, nenhuma relva trilhada, nem