Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/289

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uma pedra aluída de seu lugar nativo. Era como um Éden, que acabava de sair das mãos do Criador, e que só esperava o Adão e a Eva, que deviam povoá-lo. Mas todas essas louçanias da natureza pouco atraíam as vistas de nossos aventureiros, que deslumbrados pela prodigiosa abundância de ouro e pedrarias quase que eram cegos e surdos para tudo o mais.

— Meus camaradas, — disse um deles, — acho bom que voltemos sobre nossos passos. Já conhecemos, quanto é bastante este sítio e suas imensas riquezas; já as vimos com os nossos olhos e as tocamos com as nossas mãos. Somos poucos, e tentar avançar mais seria grande temeridade da nossa parte. Em outra ocasião poderemos voltar em maior número e mais bem apercebidos contra qualquer eventualidade. Quem sabe se a índia, que nos não há enganado a respeito da riqueza destes lugares, também nos não disse verdade a respeito dessa nação alva como leito…

— Quem pode acreditar nas bruxarias dessa pobre gentia! — atalhou um outro. — Como entre nós outros há quem acredite em almas do outro mundo, também essa pobre gente tem suas abusões de que não devemos fazer caso algum.

— E demos graças a Deus, — acrescentou outro, por haver entre ele dessas abusões; à elas devemos nós a ventura de achar intactos estes imensos tesouros.