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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/290

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Aliás, já tudo isto estaria revolvido e estragado.

— Mas, — objetou o primeiro dos interlocutores, — é esta mesma extraordinária abundância de riquezas que temos diante dos olhos, entre as mãos e debaixo dos pés, que me faz ficar assim temeroso e pensativo. A fé de paulista, que me parece, que estamos em uma terra de feitiçarias e encantamentos. Quer me parecer que tamanha riqueza não pode existir senão por milagre de algum mágico ou de alguma fada, e que não pode deixar de ser guardada ou por essa nação alva, de que nos falou a bugre, ou por alguma enorme serpente ou dragão de fogo…

— Mal hajam tuas histórias de encantamentos e bruxarias! replicou Gaspar com enfado. Pensas acaso que com essas bugigangas hás de meter medo a nós os companheiros de Bartolomeu Bueno, que temos corrido quantos azares e afrontado quantos perigos há neste mundo?

—A fé de paulista, que me não compreendes Gaspar, e te zangas debalde, — retrucou o outro. Apareça esse, que já me viu recuar diante de perigo algum, e muito menos procurar desanimar outros! Isto que eu digo, são abusões cá de minha cabeça; mas não estorva, que marchemos avante, ainda que nos leve o diabo. Hajam embora tatus brancos ou pretos; serpentes ou dragões de fogo,