Saltar para o conteúdo

Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/291

Wikisource, a biblioteca livre

haja o diabo a quatorze, por minha alma vos juro, não serei eu, quem recue um só passo.

— Sem dúvida, meu bravo companheiro, nem eu digo o contrário; nós, que ainda não tivemos pavor diante de perigo algum visível e palpável, nem diante de inimigos de carne e osso, havemos de recuar diante de fantasma da meia-noite! Recuar agora seria dar um coice na fortuna, que nos abre seus braços. Até agora ainda não encontramos vestígio algum que denote haver por aqui criatura humana nem branca nem preta, nem coisa alguma, que nos possa inspirar receio. Temos já visto muita coisa; mas ainda não vimos tudo. Seríamos uns poltrões dignos do desprezo e do escárnio de nossos patrícios, se tendo chegado até aqui sem o menor contratempo, por um vão terror deixássemos de ir ver de perto e tocar com as nossas mãos aquela grande maravilha, que lá resplende do lado do ocidente. Avante pois, companheiros! nada de vãos receios! avante!

Estas palavras de Gaspar foram aplaudidas com calor e eletrizaram a companhia. Continuaram pois seu caminho em direção à montanha do Pão de Ouro como eles a apelidavam, e que sempre lhes ficava em vista por causa de sua elevação, pisando sempre um chão crivado de prodigiosas riquezas minerais, e coberto da mais esplêndida e luxuriante vegetação. Ao cabo do dia