e com os braços abertos aquele anjo das trevas alvo como ossada sem sepultura. Oh! que sim; mas o sentimento de um, era de prazer e de amor; e o do outro, era de asco e de horror.
Todavia Gaspar resolvido a aproveitar-se do amor da selvagem para procurar um meio de escapar daquele sepulcro infecto em que estava condenado a viver, tratou de apresentar-lhe a melhor cara possível, e entregou-se com toda a complacência a seus estranhos carinhos, e os retribuiu com a amabilidade, que pôde. A liberdade e a luz do céu, de que se achava privado, valiam bem aquele penoso sacrifício.
A ninfa mostrou-se contentíssima, trouxe-lhe frutos, dançou em roda dele, dando gritinhos de prazer e retirou-se. Durante o dia apareceu ainda duas ou três vezes. Quando veio a noite, saiu com seus companheiros, mas ficaram de vigia ao prisioneiro seis ou oito guardas.
Oito dias passou Gaspar naquele estranho e tristíssimo modo de vida, ganhando tempo e contando com impaciência os dias e as horas. Durante esse tempo esmerou-se em tornar-se o mais agradável possível à sua amante, e procurou ganhar-lhe a confiança, mostrando-se satisfeitíssimo com a sua nova sorte, e cada vez mais submisso e amoroso. No fim desse prazo abalançou-se a expressar à sua amante por meio de gestos e sinais