Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/314

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o desejo, que tinha de também sair à noite com ela, somente para vê-la sempre ao pé de si, e não ficar por tanto tempo privado de sua companhia; pintou-lhe com mímicas expressivas o seu extremoso amor, e do melhor modo que pôde, deu-lhe a entender que nunca por motivo nenhum a abandonaria, e que o seu maior gosto seria viver e morrer junto dela. A índia a princípio pareceu hesitar, e ficou pensativa por alguns instantes; mas por fim deu-lhe a entender que sua súplica seria atendida, e que na seguinte noite lhe seria permitido sair com ela.

De feito assim aconteceu; na seguinte noite Gaspar experimentou o indizível prazer de ver a luz límpida de um céu estrelado, e de respirar a longos tragos o ambiente puro e perfumado daquelas deliciosas solidões, depois de ter jazido por mais de oito dias na escuridão profunda de uma espelunca infecta e asquerosa. Aquela noite límpida e estrelada, posto que sem luar, pareceu-lhe um dia esplêndido, e quase que seus olhos estranharam aquela luz serena, tão afeitos estavam já com as trevas. Em face daquele espetáculo, seus pulmões se encheram de ar vivificante, seu coração se dilatou, e alentou-se de novas esperanças.

Entretanto Gaspar era vigiado de perto por sua amante, que o não deixava um só momento, e