prestativa, benfazeja e carinhosa para com todos. Amiga do trabalho, não lhe faltava o necessário, e como era muito caritativa, do seu pouco sempre lhe sobrava para socorrer aos pobres e acudir aos enfermos. Posto que sozinha em sua cabana isolada, vivia tranquila e satisfeita, pois nada ambicionava e nada tinha que recear no seu pequeno mundo, onde era tão benquista e respeitada de todos.
Um dia pela manhã, Felisbina, tendo-se levantado muito cedo como era seu costume, saiu a percorrer as praias vizinhas. O dia amanhecera limpo e sereno, e o mar bonançoso; à noite, porém, fora de tormenta e mar encapelado. Grossos vagalhões rebentando com fúria tinham vindo quebrar-se junto à soleira da cabana.
Ao abrir a porta o primeiro objeto em que Felisbina deu com os olhos foi uma criança estirada na praia, fria exânime e hirta por tal forma, que parecia estar morta sem remissão.
Era uma menina que poderia ter de três a quatro anos de idade, alva, linda e mimosa, que mais parecia ser uma figura de jaspe.
— Virgem Maria! — exclamou a viúva, lançando-se à criança e levantando-a do chão. — Que será isto, meu bom Jesus…?! Uma criança…! Uma menina…! Assim atirada na praia…! De quem será esta pobrezinha…?!