Fosse como fosse, Felisbina adotou-a como filha, e propôs-se a criá-la e educar com todo o amor, carinho e solicitude de uma verdadeira mãe. Ignorando se era ou não cristã, fê-la batizar pelo cura do lugar, serviu-lhe de madrinha e deu-lhe o nome de Regina, santa do dia em que a menina aparecera exposta na praia junto à sua cabana.
Começou logo a desenvolver-se extraordinariamente a pequena Regina, quer no tamanho, gentileza e agilidade do corpo, quer na formosura do semblante e nas graças e prendas do espírito. Era o mimo da velha e o enlevo e assombro de toda a gente destes arredores. À medida que ia crescendo, cada vez mais formosa e interessante, ia-se tornando esperta, inquieta e trêfega que nem uma sílfide; era isto próprio da idade, mas Regina tinha caprichos tão singulares, dava-se a travessuras tão livres e audaciosas, que traziam a boa viúva em contínuos sustos e inquietações. Aos dez anos nenhum rapaz de sua idade poderia competir com ela em viveza, audácia e agilidade. Galgava os píncaros dos mais altos rochedos, percorria as praias, rompia os mangues e matagais do litoral nas maiores distâncias. O mar não lhe inspirava o menor terror, parecia o seu elemento natural; nadava e brincava sobre as ondas, as mais agitadas,