Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/35

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e alegria. Eram, com efeito, dois peregrinos e encantadores olhos verde-mar, tendo o centro das pupilas de um negro de azeviche.

— Que olhos, meu Deus! — exclamava ela. — Nunca meus olhos viram olhos assim…! Parecem duas estrelas a se espelharem no regaço cristalino de um mar de leite…! Mas também como são vivos…! Que esperteza! Que fogo…! Agora parece que despedem coriscos…! Santo Deus! Que menina encantadora…! Uma criaturinha assim só nasceu para dar gostos.

É quase escusado dizer que Felisbina, apenas a menina se restabeleceu, andou com ela de casa em casa mostrando o inapreciável tesouro que o céu lhe tinha dado, mais contente e ufana do que se tivera pescado a mais graúda e brilhante pérola do oceano. Todos em geral, homens e mulheres, velhos e meninos, ficaram embasbacados e boquiabertos ao contemplarem a rara perfeição e formosura da interessante menina.

Se bem que revelasse vigor e vivacidade superior à sua idade, a filha do mar apenas balbuciava algumas palavras que ninguém compreendia, pelo que nunca mais se pôde saber, quem era ela, nem por que fatalidade fora arrojada a essas praias. Acreditou-se, como era natural, que seria filha de pais estrangeiros, e por isso nada sabia da língua portuguesa.