Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/67

Wikisource, a biblioteca livre

— Bem o sei; mas quem têm sido essas vítimas…? Por certo ainda não pensaste nisso.

Uns pobres e toscos pescadores, desasados e grosseiros no trato, mal-amanhados nas feições, no corpo e no trajo, uns amantes aparvalhados e em tudo próprios para fazerem recuar de tédio e de desdém uma linda e mimosa donzela, rica de encantos e prendas naturais, como dizem ser essa Regina.

— Então tu nunca a viste…?

— Eu nunca.

— Ah! É o que te vale, e pede ao céu que nunca a vejas. Já não me admiro de que fales dela com essa indiferença e sangue frio, como quem fala de uma moça qualquer.

— E o que mais pode ser ela…? Uma moça um tanto mais bonita que as outras, e que sabe cantar e remar admiravelmente, e nada mais. Mas como ia te dizendo, esses rudes barqueiros estão longe de possuir as tuas prendas, gentileza e galhardia; portanto não admira que ela do alto de sua formosura nem se dignasse de lançar um olhar de compaixão para a turba desses estultos adoradores que não sabiam amar e nem eram dignos de serem amados. Mas tu, meu irmão, tu, um gentil-homem com todos os encantos próprios para seduzir nobres damas da mais alta