Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/88

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Roberto. — Por uma simples barqueira que não tem outros merecimentos mais que a beleza e a mocidade, desprezas um futuro brilhante, esqueces um juramento…

— Basta, Roberto, basta — interrompeu o moço com voz suplicante —, bem sei o que me vais exprobrar. Poupa-me esse desgosto. Que hei de eu fazer…? Uma força sobrenatural, um poder inflexível e tirânico, a que não posso resistir, escravizou minha vontade. Acredita-me, Roberto, essa mulher verte dos olhos malditos um eflúvio satânico que enerva e envenena os corações e quebranta as mais poderosas energias. Ela tem em seu poder minha alma e minha vida, e é desejo dela perder minha alma e arrancar-me a vida. Foge de mim, Roberto, estou perdido, sou um prescrito…! Foge dela também; não creias que é uma mulher, não…! É o espírito das trevas que se encarnou naquela figura de maravilhosa beleza para arrojar-nos no abismo da eterna perdição!

Oh, Regina…! Regina…! Tu que podias ser um anjo para nos abrir as portas do céu, por que te convertes em fúria para nos levar ao inferno?!

Pronunciando estas frases com voz convulsa e rouca, as feições transtornadas, os lábios espumantes, desvairado e em fogo o olhar, Rodrigo parecia um possesso atormentado pelo espírito