Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/93

Wikisource, a biblioteca livre

— E tu que farás…?

— Hei de fazer com ela o mesmo que ela faz contigo ou pior ainda.

Um sorriso de incredulidade, sorriso amargo e triste, como um raio do sol de inverno, pairou ligeiro pelos lábios de Rodrigo, que, abanando a cabeça, murmurou:

— Ah! Roberto! Roberto! Pensa bem no que vais fazer…! É uma loucura de que tarde terás de te arrepender. Vais brincar com uma serpente, e queira Deus não saias como eu com o peito mordido e o veneno no coração…!

— Não tenhas o menor receio; poderei não conseguir domá-la, mas asseguro-te que hei de sair-me do combate tão ileso e são como agora aqui me acho.

— Por demais confias em ti, Roberto. Tu és belo, e ela formosíssima… Se ficardes morrendo um pelo outro… Considera quão doloroso seria para mim vê-la em braços de outro, embora fosse um irmão. Ah! Por coisa nenhuma desta vida eu quereria odiar-te…!

— Tal receio nem de leve te deve passar pelo espírito. Ainda mesmo que eu tivesse a desventura de render-me aos encantos dessa mulher, embora ela me adorasse também, teu irmão, eu te juro pelas cinzas de nosso pai, que ali jaz