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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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A egoa não tardou, a tróte largo, montada pelo filho do Sôlha, que, ao avistar o Fidalgo, saltou á estrada, de chapeu na mão, encouchado e encarnado, balbuciando que o pae chegára bem, pedia a Nosso Senhor lhe pagasse a caridade...

— Bem, bem! Recados a teu pae. Que estimo as melhoras. Lá mandarei saber.

N’um pulo montára — galopava pelo facil atalho da Crassa. Mas, deante do portão da Torre, encontrou um moço do Gago, com um bilhete do Titó, annunciando que não podia jantar na Torre porque partia n’essa semana para Oliveira!

— Que disparate! Para Oliveira tambem eu parto; mas janto hoje! Até combinavamos, o levava na carruagem... Elle que ficou a fazer, o Snr. D. Antonio?

O rapaz coçou pensativamente a cabeça:

— O Snr. D. Antonio passou lá por casa para eu trazer o bilhete ao Fidalgo... Depois, creio que tem festa, porque entrou defronte no tio Cosme fogueteiro, a comprar bichas de rabear...

Aquellas inesperadas bichas de rabear causaram logo ao Fidalgo uma immensa inveja:

— E onde é a festa, sabes?

— Eu não sei, meu Fidalgo... Mas parece que é cousa rija, porque o Snr. João Gouvêa encommendou lá ao patrão dous grandes pratos de bolos de bacalhau.