— Ó Gonçalinho, olha que tambem todo esse espalhafato só por causa da Politica...
Gonçalo quasi quebrou o jarro, na furia com que o pousou sobre o marmore do lavatorio:
— Politica! Ahi vens tu com a Politica! Por Politica não se atira agua suja aos Governadores Civis. Que elle não é Politico, é só malandro! Além d’isso...
Mas terminou por encolher os hombros, emmudecer, diante do pobre bacôco de bochechas pasmadas, que, n’aquellas rondas do Cavalleiro pelos Cunhaes, só notava o «lindo cavallo» ou «o caminho mais curto para as Louzadas!...»
— Bem! resumiu. Agora larga, que me quero vestir... Do bigodeira me encarrego eu.
— Então, até logo... Mas se elle passar nada d’asneiras, hein?
— Só justiça, aos baldes!
E bateu com a porta nas costas resignadas do bom Barrôlo, que, pelo corredor, suspirando, lamentava o assomado genio do Gonçalinho, as coleras desproporcionadas em que o lançava «a Politica.»
Em quanto se ensaboava com vehemencia, depois se vestia n’uma pressa irada, Gonçalo ruminou aquelle intoleravel escandalo. Fatalmente, apenas se apeava em Oliveira, encontrava o homem da grande guedelha, caracolando por sob as janellas do palacete,