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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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na pileca de grandes clinas! E o que o desolava era perceber no coração de Gracinha, pobre coração meigo e sem fortaleza, uma teimosa raiz de ternura pelo Cavalleiro, bem enterrada, ainda vivaz, facil de reflorir... E nenhum outro sentimento forte que a defendesse, n’aquella ociosidade d’Oliveira — nem superioridade do marido, nem encanto d’um filho no seu berço. Só a amparava o orgulho, certo respeito religioso pelo nome de Ramires, o medo da pequena terra espreitadeira e mexeriqueira. A sua salvação seria o abandono da cidade, o encerrado retiro n’uma das quintas do Barrôlo, a Ribeirinha, sobretudo a Murtosa, com a linda matta, os musgosos muros de convento, a aldêa em redor para ella se occupar como castellã benefica. Mas quê! Nunca o Barrôlo, consentiria em perder o seu voltarete no Club, e a cavaqueira da tabacaria «Elegante», e as chalaças do Major Ribas!

Afogueado pelo calor, pela emoção, Gonçalo abriu a varanda. Em baixo, no curto terraço ladrilhado, orlado de vasos de louça, precedendo o jardim, Gracinha, ainda soltos os cabellos por cima do penteador, conversava com outra senhora, muito alta, muito magra, de chapeu marujo enfeitado de papoulas, que segurava entre os braços um repolhudo mólho de rosas.