Os risonhos olhos de Gonçalo logo se alargaram, serios:
— Que escandalo?
O Tabellião recuou. Pois S. Ex. anão sabia da ultima prepotencia do Governador Civil, do Snr. André Cavalleiro?
— O quê, caro amigo?...
O Guedes cresceu todo sobre o bico dos botins pequeninos, e bojou, e inchou, para exclamar:
— A transferencia do Noronha!... A transferencia do desgraçado Noronha!
Mas uma senhora, tambem obesa, de buço carregado, toda a estalar em ricas e rugidoras sêdas de missa, arrastando severamente pela mão um menino que rabujava, parou, fitou o Guedes — porque o digno homem com o seu ventre, o seu embrulho, a sua indignação, atravancava a entrada das Mathildes. Apressadamente, o Fidalgo levantou, para ella entrar, o fecho da porta envidraçada. Depois, n’um alvoroço:
— O amigo Guedes naturalmente vae para casa. É o meu caminho. Andamos e conversamos... Ora essa! Mas o Noronha... Que Noronha?
— O Ricardo Noronha... V. Ex. aconhece. O pagador das Obras-Publicas!
— Ah! sim, sim... Então transferido? Transferido arbitrariamente?