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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Gonçalo seguiu pensativamente por defronte do Correio; torneou a branca escadaria da Egreja de S. Bento; metteu, alheado e sem reparar, pela estrada plantada de acacias que conduz ao Cemiterio. E, n’aquelle alto da Villa, d’onde, ao desembocar da Calçadinha, se abrange a largueza rica dos campos desde Valverde a Craquêde — sentiu que tambem na sua vida, apertada e solitaria como a Calçadinha, se alargára um arejado espaço cheio d’interessante bulicio e de abundancia. Era o muro, em que sempre se imaginára irreparavelmente cerrado, que de repente rachava. Eis a fenda facilitadora! Para além reluziam todas as bellas realidades que desde Coimbra appetecera! Mas... — Mas no atravessar da fenda fragosa de certo se rasgaria a sua dignidade ou se rasgaria o seu orgulho. Que fazer?...

Sim! seguramente! Estendendo os braços ao animal do Cavalleiro conquistava a sua Eleição. O circulo, infeudado aos Historicos, elegeria submissamente o Deputado que o chefe Historico ordenasse com indolente aceno. Mas essa reconciliação importava a entrada triumphal do Cavalleiro na quieta casa do Barrôlo... Elle vendia pois o socego da irmã por uma cadeira em S. Bento! Não! não podia por amor de Gracinha! — E Gonçalo suspirou, com ruidoso suspiro, no luminoso silencio da estrada.

Agora porém, durante tres, quatro annos, os Regeneradores