Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/217

Wikisource, a biblioteca livre
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
209

não trepavam ao Governo. E elle, alli, atravez d’esses annos, no buraco rural, jogando voltaretes somnolentos na Assembléa da Villa, fumando cigarros calaceiros nas varandas dos Cunhaes, sem carreira, parado e mudo na vida, a ganhar musgo, como a sua caduca, inutil Torre! Caramba! era faltar cobardemente a deveres muito santos para comsigo e para com o seu nome!... Em breve os seus camaradas de Coimbra penetrariam nos altos Empregos, nas ricas Companhias; muitos nas Camaras por vacaturas abençoadas como a do Sanches; um ou outro mesmo, mais audaz ou servil, no Ministerio. Só elle, com talentos superiores, um tal brilho historico, jazeria esquecido e resmungando como um côxo n’uma estrada quando passa a romaria. E por quê? Pelo receio pueril de pôr a bigodeira atrevida do Cavalleiro muito perto dos fracos labios de Gracinha... E por fim esse receio constituia uma injuria, uma nojenta injuria, á seriedade da irmã. Porque Portugal não se honrava com mulher mais rigidamente seria, de mais grave e puro pensar! Aquelle corpinho ligeiro, que o vento levava, continha uma alma heroica. O Cavalleiro?... Podia sua exc. asacudir a guedelha com graça fatal, jorrar dos olhos pestanudos a languidez ás ondas — que Gracinha permaneceria tão inaccessivel e solida na sua virtude como se fosse insexual e de marmore.