Saltar para o conteúdo

Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/242

Wikisource, a biblioteca livre
234
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

contrariedade! A mulher, n’uma agonia, entre gritos, arrastando os filhos supplicantes até ao portão da Torre! E elle, nas vesperas da sua Eleição, apparecendo a todas as freguezias enternecidas como um fidalgo deshumano!... — Atirou a penna furiosamente:

— Que massada! Dize á creatura que me deixe, que se não afflija... O Snr. Aministrador ámanhã manda soltar o Casco. Eu mesmo vou a Villa-Clara, antes d’almoço, para pedir. Que se não afflija, que não aterre os pequenos... Corre, dize, homem!

Mas o Bento não despegava da porta:

— Pois a Rosa e eu já lhe dissemos... Mas a mulherzinha não acredita, quer pedir ao Snr. Dr.! Veio por baixo d’agoa. Até um dos pequenitos está bem doentinho, ainda não fez senão tremer...

Então Gonçalo, sensibilisado, atirou á meza um murro que tresmalhou as tiras da Novella:

— Ora se uma cousa d’estas se atura! Um homem que me quiz matar! E agora, por cima, é sobre mim que desabam as lagrimas, e as scenas, e a creança doente! Não se pode viver n’esta terra! Um dia vendo casa e quinta, emigro para Moçambique, para o Transvaal, para onde não haja massadas... Bem, dize á mulher que já desço.

O Bento approvou, com effusão:

— Pois se o Snr. Dr. lhe não custa... E como