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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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é para dar uma boa nova... Sempre consola a pobre mulherzinha!...

— Lá vou, homem, lá vou! Não me masses tambem... Impossivel trabalhar n’esta casa! Outra noite perdida!

Enfiou violentamente para o quarto, atirando as portas — com a ideia de metter na algibeira do roupão duas notas de dez tostões que consolariam os pequenos. Mas, deante da gaveta, recuou, vexado. Que brutalidade, compensar com dinheiro creancinhas — a quem elle arrancára o pae, algemado, para o trancar n’uma enxovia! Agarrou simplesmente n’uma boceta de alperces seccos — dos famosos alperces do Convento de Santa-Brigida de Oliveira, que na vespera lhe mandára Gracinha. E, cerrando lentamente o quarto, já se arrependia da sua severidade, tão estouvada, que assim desmanchava a quietação de um casal. Depois no corredor, ante a chuva clamorosa que dos telhados se despenhava nas lages do pateo, ainda mais doridamente se impressionou, com a imagem da pobre mulher, tresloucada pela negra estrada, puxando os filhinhos encharcados, moídos, contra a tormenta solta. E ao penetrar no corredor da cozinha — tremia como um culpado.

Atravez da porta envidraçada sentiu logo a Rosa e o Bento consolando a mulher, com palradora confiança, quasi risonhos. Mas os «ais» d’ella, os ruidosos