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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/255

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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escancarára as portas do Palacete até ahi rondadas e miradas sem proveito, e com sereno descaro alcovitára os amores da irmã! Se taes desavergonhadas não mereciam que lhes arregaçassem as sujas saias no meio da Praça, em manhã de Missa, e lhes fustigassem as nadegas melladas, furiosamente, até que o sangue ensopasse as lages!...

E, para maior damno, as apparencias todas se combinavam contra elle, traidoramente! Essa insistencia de André, cocando Gracinha, estrondeando a calçada em torno do Palacete, crescera, impressionava, justamente agora, n’este Agosto, nas vesperas d’essa sua apparição á janella do Governo Civil, que Oliveira commentava como um misterio historico. Que inopportunamente morrera o animal do Sanches de Lucena! Mezes antes, nem mesmo a malicia das Louzadas ligaria a sua reconciliação com André a um cêrco amoroso que não começára, ou não andava tão murmurado. Tres ou quatro mezes depois, André, sem esperança ante o Palacete inaccessivel, certamente findaria os seus giros pelo Largo, de rosa ao peito! Mas não! infelizmente quando esse André, com maior estrepito, ronda a porta almejada — é que elle acode, e abraça o rondador, e lhe facilita a porta! E assim a maledicencia das Louzadas encontrava uma base, a que todos na cidade podiam palpar a substancia, e a solidez, e sobre ella se erigia como Verdade Publica! Infames Louzadas!