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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

que em torno d’elle se alargava, se cobria de villas e messes, pelo esforço dos seus castellões!

Temerosa, com effeito, se erguia a antiga Honra de Santa Ireneia, n’essa Affonsina manhã d’Agosto e rijo sol, em que o pendão do Bastardo surgira, entre fulgidos d’armas, para além dos arvoredos da Ribeira! Já por todas as ameias se apinhavam os besteiros, espiando, encurvadas as béstas. Das torres e adarves subia o fumo grosso do breu, fervendo nas cubas, para despejar sobre os homens de Bayão que tentassem a escalada. O Adail corria pelas quadrellas, relembrando as traças de defeza, revistando os feixes de virotões, os pedregulhos d’arremesso. E no immenso terreiro, por entre os alpendres colmados, surdiam velhos solarengos, servos do forno, servos da abegoaria, que se benziam com terror, puchavam pelo saião d’algum apressado homem de rolda, para saberem da hoste que avançava. No emtanto a cavalgada passára a Ribeira sobre a rude ponte de pau — já, por entre os alamos, serenamente se acercava do Cruzeiro de granito, outr’ora erguido nos confins da Honra por Gonçalo Ramires, o Cortador. E, no socego da manhã abrazada, mais fundamente resoaram as buzinas do Bastardo, e o seu toque lento e triste á mourisca...

Mas quando Gonçalo, enlevado no trabalho, tentava reproduzir, com termos bem sonoros,