elle uma tarde rasgára jogando o espadão com André. Sob esse painel, á borda do canapé de palhinha, esperava melancolicamente um amanuense do Governo Civil, com a sua pasta vermelha sobre os joelhos. E d’uma porta remota, ao fundo do corredor, André, avisado pelo creado, o fiel Matheus, gritou alegremente:
— Oh Gonçalo, entra para cá, para o quarto! Sahi da tina... Ainda estou em ceroulas!
E em ceroulas o abraçou, n’um generoso abraço de parabens. Depois, em quanto se vestia, por entre as cadeiras atravancadas com o recheio das malas — gravatas, peugas de sêda, garrafas de perfumes — conversaram do calor, da jornada enfadonha, de Lisboa despovoada...
— Um horror! exclamava o Cavalleiro aquecendo um ferro de frisar á lampada d’alcool. Todas as ruas da Baixa em obras, cobertas de caliça, de poeirada. O Central enfestado de mosquitos. Muito mulato. Uma Tunis, Lisboa!... Mas emfim, lá combatemos bravamente o bom combate!
Gonçalo sorria, do canto do divan onde se accommodára, entre uma pilha de camisas de côr e outra de ceroulas com monogramma flammante:
— E então, Andrésinho, tudo arranjado, hein?
O Cavalleiro, deante do toucador, frisava com enlevado esmero as pontas grossas do bigode. E só depois