A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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VII
Gonçalo recolhia para o almoço depois d’um passeio no pomar percorrendo a Gazeta do Porto, quando avistou no banco de pedra, rente á porta da cosinha, onde a Rosa mudava o painço na gaiola do seu canario, o Casco, o José Casco dos Bravaes, que esperava, pensativo e abatido, com o chapeu sobre os joelhos. Vivamente, para se esquivar, remergulhou no jornal. Mas percebeu a esgalgada magreza do homem, que surdia da sombra da latada, avançava na claridade faiscante do pateo, hesitando, como assustada... E, animado pela visinhança da Rosa, parou, forçando um sorriso — em quanto o Casco enrolava nas mãos tremulas a aba dura do chapeu, balbuciava:
— Se o Fidalgo me fizesse a esmola de uma palavra...