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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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dos grandes muros da Feitosa — por que nunca sobre ella esvoaçára um rumor, em terriolas tão gulosas de rumores malignos. Mas em Lisboa?... Esses «amigos estimabilissimos» de que se ufanava o pobre Sanches, o D. João não sei quê, o pomposo Arronches Manrique, o Philippe Lourençal com o seu cornetim?... Algum de certo a attacára — talvez o D. João, por dever tradicional do nome. E ella?... Quem o informaria sobre a historia sentimental da D. Anna?

Depois, ao jantar, de repente pensou no Gouveia. Uma irmã do Gouveia, casada em Lisboa com certo Cerqueira (arranjador de Magicas e empregado na Misericordia) costumava mandar ao mano Administrador relatorios intimos sobre todas as pessoas conhecidas d’Oliveira, de Villa-Clara, que se demoravam em Lisboa — e que interessavam o mano ou por Politica, ou por mexeriquice. E de certo, pela irmã Cerqueira, o querido Gouveia conhecia miudamente os annaes da D. Anna, durante os seus invernos de Lisboa, nas delicias da sua «roda fina».

N’essa noite, porém, o Administrador não apparecera na Assembleia. E Gonçalo, desconsolado, recolhia á Torre — quando no Largo do Chafariz o encontrou com o Videirinha, ambos sentados n’um banco, sob as olaias escuras.

— Chegou lindamente! exclamou o Gouveia. Estavamos