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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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desde que contemplára os grandes tumulos onde se desfaziam as suas grandes ossadas.

Na Livraria retomou com appetite, depois de lhes sacudir a poeira, as tiras da Novella sobre que emperrára, n’aquelle atarantado lance de susto e alarme — quando o Villico, o velho Ordonho, reconhecia o pendão do Bastardo surgindo á borda da Ribeira do Coice entre o coriscar de lanças empinadas, passando a antiga ponte de madeira, e, um momento sumido na verdura dos alamos, de novo avançando, alto e tendido, até ao rude Cruzeiro de pedra de Gonçalo Ramires o Cortador... O gordo Ordonho então, atirando o brado de — «Prestes, prestes! que é gente de Bayão!» — descambava pelo escalão da muralha como um fardo que rola.

No emtanto Tructezindo Ramires, no empenho d’aprestar a sua mesnada e abalar sobre Montemór, regera já com o Adail a ordem da arrancada, mandando que as buzinas soassem mal o sol batesse na margella do Poço grande. E agora, na sala alta da Alcaçova, conversava com o seu primo de Riba-Cavado e costumado camarada d’armas, D. Garcia Viegas — ambos sentados nos poiaes de pedra d’uma funda janella, onde uma bilha d’agoa com o seu pucaro refrescava entre vasos de manjaricão. D. Garcia Viegas era um velho esgalgado e agil, d’escuro carão