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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Pois desde essa tarde elle sempre almejára por uma opportunidade de mostrar ao Snr. Gonçalo Mendes Ramires o seu reconhecimento, a sua sympathia. Mas que! era timido, vivia muito retirado... N’essa manhã porém, em Villa Clara, soubera pelo Gouveia que S. Ex. ase apresentava deputado pelo Circulo. Apezar de ser eleição tão segura, já pela influencia do Snr. Ramires, já pela influencia do Governo, logo pensára — «Bem, ahi está a occasião!» E, agora offerecia a S. Ex. a, na freguezia de Canta-Pedra, o seu prestimo e os seus votos.

Gonçalo murmurou, enternecido:

— Realmente, Snr. Visconde, nada me podia sensibilisar mais do que uma offerta tão espontanea, tão...

— Sou eu que me sensibiliso por V. Ex. aacceitar. E agora não fallemos mais n’esse meu pobre prestimo e n’esses meus pobres votos... Pois V. Ex. atem aqui uma veneravel vivenda.

E como o Visconde alludia ao desejo, já n’elle antigo, de admirar de perto a famosa torre, mais velha que Portugal — ambos desceram ao pomar. O Visconde, com o guarda-sol ao hombro, pasmou em silencio para a torre; reconheceu (apezar de liberal) o prestigio que resulta d’uma tão alta linhagem como a dos Ramires; e gabou sinceramente o laranjal. Depois, sabendo que o Pereira da Riosa arrendára a