um chicote, escuro e comprido, com tres arestas afiadas como as d’um florete.
— Nem o Snr. Dr. sabia! Estava no sotão. Agora de tarde andava lá a escarafunchar por causa d’uma ninhada de gatos, e detraz d’um bahu dou com umas esporas de prateleira e com este arrôcho...
Gonçalo estudou o macisso castão de prata, sacudio a fina vara que zinia:
— Explendido chicote... Oh Titó, hein?... Afiado como um cutello. E antigo, muito antigo, com as minhas armas... De que diabo é feito? baleia?
— De cavallo-marinho... Uma arma terrivel. Mata um homem... O mano João tem um, mas com castão de metal... Mata um homem!
— Bem, rematou Gonçalo. Limpa e põe no meu quarto, Bento! Passa a ser o meu chicote de guerra!
Á porta do pomar ainda encontraram o Pereira da Riosa, de quinzena de cutim deitada aos hombros. Em breve, no dia de S. Miguel, o Pereira tomava emfim a lavra da Torre. E Gonçalo gracejou, mostrando ao Titó o lavrador famoso. Eis o homem! eis o grande homem que se preparava a tornar a Torre uma fallada maravilha de ceára, vinha e horta! O Pereira coçava a barba rala:
— E tambem a enterrar bom dinheiro! Emfim um gosto sempre valeu mais que um vintem! E o Fidalgo, como patrão, merece terra em que os olhos se esqueçam de regalados!...