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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Oh, Snr. Pereira! rebombou o Titó. Então não se esqueça de cuidar dos melões. É uma vergonha! Nunca na Torre se comeu um bom melão!

— Pois para o anno, assim Deus nos conserve, já V. Ex. acomerá na Torre um bom melão!

Gonçalo abraçou ainda o esperto lavrador — e apressou para a estrada, decidido a desenrolar toda a confidencia ao Titó, na solidão favoravel do arvoredo dos Bravaes. Mas, apenas recomeçaram a caminhada, o mesmo enleio o travou — quasi temendo agora as informações do Titó, homem tão sevéro, de Moral tão escarpada. E todo o demorado giro pelos Bravaes o findaram sem que Gonçalo desafogasse. O crepusculo descera, molle e quente, quando recolheram — conversando sobre a pesca do savel no Guadiana.

Defronte do portão da Torre Videirinha esperava, dedilhando o violão na penumbra dos alamos. Como a noite se conservava abafada, sem uma aragem, jantaram na varanda, com dous candieiros accesos. Logo ao desdobrar o guardanapo o Titó, vermelho e espraiado sobre a cadeira, declarou «que graças ao Senhor da Saude, a sede era boa!» Elle e Gonçalo praticaram as usadas façanhas de garfo e de copo. Quando o Bento servio o café uma immensa e lustrosa lua nova surgia, ao fundo da quinta escura, por traz dos outeiros de Valverde. Gonçalo, enterrado n’uma cadeira de vime, accendeu