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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— Oh Joaquim, depressa! Apparelha o Rocilho, corre a um sitio na estrada de Ramilde, a que chamam a Grainha... Tive agora lá uma grande desordem! Creio que dei cabo de dous homens... Ficaram n’uma poça de sangue! Não digas que vaes da Torre, que te podem atacar! Mas sabe o que succedeu, se estão mortos... Depressa, depressa!

O Joaquim, estonteado, remergulhou na cavallariça escura. E de cima d’uma das varandas do corredor, partiram exclamações assombradas:

— Oh Gonçalo, o que foi?! santo Deus! o que foi?!

Era o Barrôlo. Sem desmontar, sem surpresa ante a apparição do Barrôlo, Gonçalo atirou logo para a varanda a historia da bulha, tumultuosamente. Um malandro que o insultára... Depois outro, que desfechou a caçadeira... E ambos derribados sob as patas da egoa, n’uma poça de sangue...

O Barrôlo despegou da varanda — e n’outro relance, investia pelo pateo, com os curtos braços a boiar, enfiado. Mas então? mas então?... E Gonçalo, desmontando, tremulo agora do cançasso e da emoção, esmiuçou mais lances... Na estrada de Ramilde! Um valentão que o injuriou! A esse rasgára a bôca, decepára a orelha... Depois o outro, um rapasola, desfecha uma carabina... Elle corre, tão vivamente o colhe com uma cutilada que o estira, para cima d’uma pedra, como morto...