— Uma cutilada?
— Com este chicote, Barrôlo! Arma terrivel!... Bem dizia o Titó!... Estou perdido se não levo este chicote.
Esgaseado, Barrôlo remirava o chicote. Sim, com effeito ainda manchado de sangue. — Então Gonçalo attentou no chicote, no sangue... Sangue de gente! sangue fresco, que elle arrancára!... E por entre o seu orgulho, uma piedade passou que o empallideceu:
— Que desgraça, vejam que desgraça!
Esquadrinhou vivamente o fato, as botas, no horror de nodoas de sangue, que o salpicassem. Sim, santo Deus! sangue na polaina!... E immediatamente anciou por se despir, se lavar, — galgou a escada, com o Barrôlo que enxugava o suor, balbuciava: — «Ora uma d’essas! E de repente! Assim na estrada!...» Mas no corredor, subindo n’uma carreira da cosinha, appareceu Gracinha, pallida, com a Rosa atraz, que enterrava os dedos entre o lenço e o cabello n’um pavor mudo.
— Que foi, Gonçalo? Jesus, que foi?!
Então, encontrando Gracinha junto d’elle, na Torre, n’esse momento magnifico do seu orgulho, depois de tão rijo perigo vencido, Gonçalo esqueceu o André, o Mirante, as sombrias humilhações, e no abraço em que a colheu, nos fortes beijos que atirou