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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

consinto que o apoquentem mais!... Detesto ferocidades.

— Mas...

— Esta é a minha decisão, Godinho.

— Lá darei o recado de V. Ex. a

— Obrigado. E adeus!... Que calor, hein!

— De rachar, Snr. Gonçalo Mendes, de rachar!

Gonçalo seguiu, revoltado pela ideia de que o pobre valentão de Nacejas, ainda moído, com a orelha mal soldada, baixasse á sordida enxovia de Villa-Clara, para dormir sobre uma taboa. Pensou mesmo em galopar para Villa-Clara, reter o zelo legal do João Gouveia. Mas perto, adeante do lavadoiro, era a casa d’um Influente, o João Firmino, carpinteiro e seu compadre. E para lá trotou, apeando ao portal do quinteiro. O compadre Firmino largára cedo para a Arribada, onde trabalhava nas obras do lagar do Snr. Esteves. E foi a comadre Firmina que correu da cosinha, obesa e lusidia, com dous pequenos dependurados das saias e mais sujos que esfregões. O Fidalgo beijou ternamente as duas faces ramelosas:

— E que rico cheiro a pão fresco, oh comadre! Foi a fornada, hein? Pois então grande abraço ao Firmino. E que se não esqueça! A Eleição vem para o outro Domingo. Lá conto com o voto d’elle. E olhe que não é pelo voto, é pela amisade.