Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/504

Wikisource, a biblioteca livre
496
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Então Gonçalo risonhamente prendeu o Barrôlo pelos hombros:

— Dize lá, Barrolinho. Dize lá. Tu tens uma cousa boa para contar ao teu cunhado.

O outro escapou, protestando com alarido: Que teima, que tolice. Elle não sabia nada. O André não lhe contára nada!

— Bem, concluiu o Fidalgo, certo de um amavel mysterio, que pairava. Então descemos. E se essas carraças das Louzadas ainda estiverem lá pegadas, manda dizer pelo escudeiro á sala, bem alto, á Gracinha, que cheguei, que lhe desejo fallar immediatamente no meu quarto: com esses monstros não ha considerações.

O Barrôlo balbuciou, hesitando:

— O Snr. Bispo gosta d’ellas... Muito amavel commigo, ainda ha pouco, o Snr. Bispo.

Mas, logo nas escadas, sentiram o piano, Gracinha cantarolando. Já se libertára das Louzadas. Era uma antiga canção patriotica da Vendeia, que outr’ora na Torre, ella e Gonçalo entoavam com emoção, quando os inflammava o amor fidalgo e romantico dos Bourbons e dos Stuarts:

Monsieur de Charette a dit à ceux d’Ancenes

"Mes Amis!...

Monsieur de Charette a dit...