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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Gonçalo franziu vagarosamente o reposteiro da sala, rematando a estrophe, com o braço erguido como uma bandeira:

"Mes amis!

Le Roy va rammener les Fleurs de Lys!"

Gracinha saltou do mocho, n’uma surpresa.

— Não te esperavamos! imaginei que passavas a Eleição na Torre... E por lá?

— Na Torre, tudo bem, com a ajuda de Deus... Mas eu com trabalho immenso. Acabei o meu romance; depois visitas aos Eleitores.

Barrôlo, que não socegava pela sala, rompeu para elles, com o mesmo riso suffocado:

— Queres tu saber, Gracinha? Tem estado este homem, desde que chegou, n’uma curiosidade, a ferver. Imagina que eu tenho uma boa nova, uma grande nova para lhe contar... Eu não sei nada, a não ser a Eleição! Pois não é verdade, Gracinha?

Gonçalo, muito serio, prendeu o queixo da irmã:

— Sabes tu, dize lá.

Ella sorriu, córada... Não, não sabia nada, só a Eleição.

— Dize lá!

— Não sei... São tolices do José.

Mas então, ante aquelle sorriso fraco, rendido, que confessava — o Barrôlo não se conteve, desafogou