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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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o seu grande guarda-sol de panninho e o seu breviario. Todos acolheram com carinho o santo e douto velho, tão raro agora na Torre.

— E então no Domingo, cá temos o nosso homem, Padre Sueiro!

O capellão achatou sobre o peito a mão gorda, com reverencia, com gratidão...

— Deus ainda me quiz conceder, na minha velhice, mais esse grande favor... Pois mal o esperava. Terras tão asperas, e elle tão delicado...

E para conversar de Gonçalo, da espera em Craquêde, acompanhou aquelles senhores até á ponte da Portella. João Gouveia manquejava, aperreado por umas infames botas novas que n’essa manhã estreára. E descançaram um momento no bello banco de pedra que o pae de Gonçalo mandára collocar, quando Governador Civil d’Oliveira. Era esse o doce sitio d’onde se avista Villa-Clara, tão aceada, sempre tão branca, áquella hora toda rosada, d’esde o vasto convento de Santa Theresa até ao muro novo do cemiterio no alto, com os seus finos cyprestes.

Para além dos outeiros de Valverde, longe, sobre a Costa, o sol descia, vermelho como um metal candente que arrefece, entre nuvens vermelhas, accendendo ainda, em ouro coruscante, as janellas da Villa.

Ao fundo do valle, uma claridade nimbava as