se, o que eu tenho dito, o que eu direi; e, se todos o não disserem comigo alto e bom som, passo e baixo todos o dizem, nem haverá quem o não diga.
Assim, pois, de boca em boca, e de ouvido em ouvido, e de conversa em conversa e de sussurro em sussurro, neste dizer de toda a gente murmura, cresce, engrossa, por aí fora, a voz geral, o escândalo geral, a crença geral de uma prostituição de consciências mais contagiosa que a das mulheres de mau viver, de um messalinismo pior que os dos lupanares, custeado a expensas do Tesouro Nacional ou dos tesouros dos Estados, para burlar a Nação, endeusando os seus emporcalhadores, e atassalhando com ultrajes inauditos os seus homens de honra.
Rascas na assadura
Não será esta a verdade? Se o não é, levante-se dentre vós, senhores, um homem de franqueza e mo conteste. Não se levantará, decerto, ninguém. Lá fora mesmo, quando soa alguma voz a gaguejar doutorices e gravidades, a pleitear indulgências e biocos, todo o mundo está sentindo, nessas sabichonarias de protocolo, nesses desmentidos mal engrolados, a fartum das secretarias, o bafio dos arranjos encapados, as advocacias em causa própria, as rascas na assadura dos abusos, denunciados.