Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/42

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alizarem.

Subvenção ou suborno?

Nessa linguagem, com efeito, se adoça com o nome de “subvenção”, com a indulgência deste honesto eufemismo, a dilapidação e o peculato cometidos, com rosto sereno e mãos largas, pelos governos que assalariam jornais, quando (toda a gente o sabe) por tal nome, pelo nome de subvenção, familiar no uso jurídico, administrativo e político, nunca se designou senão o auxílio legal, outorgado legalmente a quem por lei se pode outorgar.

Nessa linguagem se honestiza como exemplo digno de “um homem de alta moralidade” o do chefe de uma democracia constitucional, que pôs a seu soldo jornalistas, pretendendo-se que, se ele perpetrou abuso tal, foi porque “se viu na contingência de moderar e atenuar, por meio de subvenção, a atitude da imprensa”.

Nessa linguagem se admite a hipocrisia de eventualidades, em que o governo possa entrar, de bolsa aberta, pelas redações de jornais, como a libertinagem pelas casas de tolerância. Quando, evidentemente, em todo e qualquer caso, esses negócios abjetos são atos de lenocínio, dos quais ambas as partes saem contaminadas. Quando o que fazem os administradores públicos, tomando escritores de aluguel, para darem por suas as convicções, que lhes dita o suborno custeado pelos subornadores com dinheiro alheio, é mascararem de honradez o proxenetismo, e de verdade a mentira. Quando, em suma, com a torpeza desses costumes, os agentes do po