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Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/63

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conhece melhor do que os que os assalariam, do que essas administrações desbragadas, uma de cujas mãos entra sorrateiramente nas arcas do erário, para as desvalijar do que com a outra metem nas algibeiras à imprensa corrompida.

Bem sabem esses governos que tudo mente num tal sistema. Mentem eles quando compram esses instrumentos. Mentem esses instrumentos quando se lhes vendem. Mentem vendidos e vendedores, compradores e comprados, vendendo aos consumidores das suas drogas, aos leitores dos seus escritos, por verdadeiro o que à légua sabem uns e outros ser absolutamente falso. Mentem eles todos uns aos outros, a si mesmos estão mentindo, e ao público não cessam de mentir com as suas notícias e o seu fraseado, com os seus assertos e as censuras, as suas indignações e severidade. Mentem no que asseveram e no que negam, no que inculcam ou ocultam, no que acusam, ou advogam. Ainda calando, ainda omitindo, ainda se abstendo, continuariam a servir à mentira; porque abstenções, lacunas e silêncio, tudo se merca e paga, tudo se apreça e contrata, matéria de compra e venda é tudo.

Essa gente, industriada em denegrir, a expensas do suor dos contribuintes, aos brasileiros incorruptos, em lamber com servis adulações as mãos do peculato, que a engorda, em cobrir com vernizes e doiraduras as mais abjetas ações dos poderosos, que a sustentam, é a que não tolera às almas ainda limpas as asperidades da revolta contra o mal, os rigores e franquezas da verdade.